terça-feira, 13 de outubro de 2009

Capítulo 11 Páginas amareladas. Livro de um passado que não volta mais...

Dizem que quando estamos com a pessoa amada, o tempo parece correr, mal se percebe quando acabou. Com Gabriel e eu era totalmente o contrário, as horas pareciam se arrastar, o tempo parecia nem ao menos existir quando estávamos juntos. Embora eu ainda estivesse com a bala em algum lugar do meu corpo, sentia-me ligeiramente feliz por Gabriel estar sempre presente quando eu precisava dele. Depois de três meses em um quarto de hospital, pude finalmente me livrar de todos os enfermeiros, e melhor, de todas as agulhas e principalmente das visitas irritantes, que me entediavam mais do que ler revistas em quadrinhos o dia inteiro, ou assistir a filmes de terror (terrivelmente repetitivos) na TV, todo domingo à noite. Foram três meses de intenso terror, eu diria, naquele imenso hospital cheio de doentes e velhos, acho que sempre fui meio alérgico à essas coisas. Saí do hospital em uma quarta feira de manhã. O sol estava encorberto por nuvens, e estava frio. Minha mãe trabalhava, não podia estar comigo, mas mandou um táxi me buscar. Gabriel não apareceu.Saí apenas com a ajuda de um enfermeiro, eu diria que era até bonito demais para ser um simples enfermeiro (os enfermeiros que me perdoem), que me carregou até o táxi e me cumprimentou com um tapinha nas costas -tínhamos ficado muito íntimos durante o tempo de internação-.

Depois de ver a "cara" da rua novamente, me senti melhor e desenfectado das lembranças tenebrosas de um hospital.
Ao chegar em casa, senti uma sensação estranha de surpresa de boas vindas no ar ( sempre tive ótimo faro para esse tipo de coisa), abri a porta, e realmente estava certo. Lá estava minha mãe, alguns amigos e Gabriel me esperando com muita comida e bom humor.

Foi uma festinha incrível...
Mas nem tudo são flores... Logo aquela bala enfiada em meu peito ccomeçou a se manifestar.