sexta-feira, 28 de maio de 2010

Garotos não choram

Continuação Cap. 11 - Páginas amareladas. Livro de um passado que não volta mais.




-Por que toda vez que eu chego aqui você está dormindo? -perguntou-me Gabriel, abrindo violentamente a porta, com uma energia um tanto excessiva.

-Acho que é de propósito. -respondi sonolento

-Estou começando a crer nisso!

-Gabriel... -falei engolindo seco.

-Fala amor... - respondeu ele distraído, mexendo em minhas gavetas.

-Preciso lhe falar.

-Então fale.

-Não é dessa forma. -disse levantando-me da cama.

-Não entendi. -falou olhando-me nos olhos com ar de dúvida.

-Não sei se posso... eu...

-Fale de uma vez, não gosto de rodeios. Vamos!

-Não te amo.

-O quê?

-Você ouviu. Não te amo.

-Como pode me dizer isso? -falou secamente

-Você insistiu!

-Você começou!

-Desculpa...

-Não, nunca! - falou ele afastando-se em direção à porta.

-Por favor!

-Me deixa em paz.

-Volta!

-Eu te odeio... -falou abrindo a porta devagar.

-Gabriel!

-Me deixa em paz, eu odeio você! -gritou e saiu, fechando a porta atrás de si.


Gabriel nunca mais me procurou, e eu também nunca mais o procurei. Não quis saber sobre o que fazia, ou em mesmo se estava bem. Achei melhor assim, achei melhor para nós dois.


Depois que terminei meu namoro com Gabriel, senti como se pudesse respirar melhor, era como se tirasse um peso das costas, mas ele era o único que me entendia e que cuidava de mim na medida certa. Era perfeito. A sua pele, os seus cabelos, os seus olhinhos negros como uma noite sem luar, não saiam de minha cabeça e mergulhando em minhas mais remotas reminiscências, era ele que me tirava o sono, ele e Joe.


Os beijos de Joe, os carinhos de Gabriel. Chorei... lembrando-me das palavras que Joe me dizia quando eu chorava por ele: "Garotos não choram, amor... não chore." Escrevi um poema triste e vazio. Senti-me só, desamparado. Joe fazia falta, Gabriel fazia falta e de repente eu não sabia mais o que sentia, nem a quem amava.


Encontrei um retrato de meu primeiro amor no meio das folhas de um livro antigo, de Shakespeare, que ele mesmo havia me dado. As folhas estavam amareladas pelo tempo... e havia uma rosa entre elas... E eu chorei...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Garotos não choram

Continuação Cap 11- Páginas amareladas. Livro de um passado que não volta mais.



A tarde era fria e cinza, senti-me sozinho, triste. Não que realmente estivesse, mas algo em mim se sentia distante... Era como se as coisas perdessem o gosto, o cheiro, a cor. Estava cansado de tudo: de atenção, de carinhos, de beijos e abraços. Casando de todas as pessoas a minha volta, e de todos os rumores sobre minha saúde. Cansado de cuidados excessivos. Sufocado e sobrecarregado. E o peito ainda doía. Minhas 0s estavam ásperas, e minhas pernas obedeciam com dificuldades ao comando de meu cérebro, devido a tanto tempo sem andar, apenas deitado em uma cama de hospital sem me mexer ou me pensar em qualquer coisa.

Era uma tarde de quarta-feira, um meio de semana um tanto frio e sem graça. Estava pensando em algo para escrever, sentindo que se talvez, escrevesse algo de bom para as pessoas, fizesse algum tipo de bem para a humanidade caso eu morresse, ou entrasse em coma e nunca mais acordasse... Coisas desse tipo. Mas simplesmente não conseguia pensar em nada. Talvez escrever sobre minha vida, e sobre minha maneira de enxergar as coisas ( pelo menos até agora), seria uma boa ideia. Resolvi tentar.

Fiz um esforço mental sobrenatural para me lembrar dos mais remotos detalhes, e quando lembrava de tudo, escrevia com empolgação, tanto que depois de algumas horas ao invés de cinco ou seis linhas iniciais, eu tinha dez páginas inteira apenas de minha vida, minhas conquistas, minhas ansiedades, minhas derrotas, meu temores.

O rosto de Joe não saía de meus pensamentos, o som de sua voz parecia ecoar em meus ouvidos como uma melodia que soa baixinho, longe em um rádio qualquer numa noite chuvosa... Adormeci...



Continua...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

De volta

Olá pessoas, agora faço a promessa (a promessa verdadeira), de nunca mais passar tanto tempo sem postar.
Por enquanto, ou melhor, hoje, vou apenas postar o meu ultimo poema.

Mil beijos à todos!



Meu medo

Quando eu sinto dor
O mundo sorri
E se eu chorar
Nem mesmo me vêem

Não há razões
Não há motivos
Para o meu existir.

Quando meu peito dói
O perfuram mais e mais
E se preciso de ti
Você me trai.

Eu tenho um sonho que ninguém vê
Uma solidão que os meus amigos não substituem.
E tenho também uma falta que nem sei
Tenho um medo, um pânico,
Uma vontade que não se cumpre
Um sentimento cruel,
Divino.
Um tormento inconfessável.

Eu tenho um medo que ninguém vê.