domingo, 29 de março de 2009

Finalmente retornei \o/

Oi pessoas. Depois de séculos sem postar aqui no blog, resolvi abandonar a preguiça e postar logo de uma vez. Tinha dito na postagem anterior que ia ter o nono capítulo e o segundo de Com meu maior beijo, mas como eu sou uma pessoa má xD, vou por apenas o nono capítulo, por uma questão mas de... como eu posso dizer... talvez para ficar mais organizado o blog. Se eu começar a postar o Com meu maior beijo, vai ficar mais difícil terminar Garotos não choram, pois sou só uma e tenho muitos afazeres na vida.Essa nova fase de Garotos não choram, está sendo muito difpicil de escrever ><, pois Nicolas está crescendo e então vem o sexo xD. Para não ficar explícito (até por que não pode ¬¬) euVerificar ortografia tenho que descrever as cenas muito bem... o que é um pouco difícil para esse protótipo de escritora, que sou eu. Mas mesmo assim não vou desistir de garotos não choram, até por que no meu caderninho xD, já está quase no final.
****

Capítulo 9, As coisas sempre são exatamente o que parecem ser.


-Por que tá me olhando com essa cara? -perguntei a Gabriel enquanto vestia minhas roupas.

-Por que tenho certeza que você tá me achando um idiota. -falou meio envergonhado.

-Não! por que acha isso, garoto? -perguntei

-Por que é o que parece... rosas, e mais rosas e velas vermelhas... é infantil.

-Mas era para ser especial pra você. -falei tentando consolar a sua crise de pós-sexo

-Mas foi... ainda acho que é completamente infantil.

-Arrependimento? -perguntei.

-De jeito nenhum!

-Então não se torture.

-Foi bom pra você? -ele me perguntou fazendo com que um grande silêncio tomasse conta do ambiente.

-Eu adorei... Você sabe que sim, senão nem tinha vindo.

-Isso me consola... Queria que parecesse com os filmes.

-Eu sei.

****
A ida de volta para casa fora silenciosa, só os nossos passos eram escutados naquelas ruas escuras e vazias. Apenas uma ou duas luzes acesas nas casas tipicamente vitorianas. Um carro ou outro... Era atormentadamente silencioso. Chegando a casa de Gabriel, não fui convidado a entrar, mas não me sentia à vontade, sua irmã estava na sala com o namorado (dava para vê-los da porta mesmo), digamos que eu e ele não fomos os únicos a ter uma noite um tanto agitada. Acabei entrando.

A casa era aconchegante e tinha cheiro de incenso de rosas, até um tanto enjoativo, embora não deixasse de ser bom. Fomos direto para o quarto dele, repleto de CDs antigos e revistas, poster, e duas garrafas de Johnnie Walker em uma estante.
-Você bebe isso? -falei pegando uma e colocando em um copo.

-Sim. Escondido de meus pais, é claro.

-Você é doido!

-Jura? -falou rindo e me beijando no pescoço. -Fecha a porta pra mim. Vou tomar um banho.

-E se eu quiser te dar um banho? -perguntei maliciosamente.

-Vou pensar no seu caso...

-Pensa com carinho! -falei fechando a porta e sentando na cama.

-Então é melhor você tirar a roupa. -falou aparecendo na porta do banheiro. -Vai acabar se molhando.

Depois do banho, e de um bom copo de uísque sem gelo, conversamos sobre diversas coisas, sentados nus em cima da cama. Era estranho para mim, mas confesso que me divertia macabramente com a falta de vergonha daquela criatura insana.

-Tenho que ir embora.

-É cedo ainda! -falou como se implorasse.

-Já são três horas.

-Ok... -falou me beijando os lábios.

-Te ligo amanhã? -perguntei

-Se não ligar eu bato na sua porta.

-Você é lindo sabia?

-Sabia.

****


Continua.




terça-feira, 17 de março de 2009

O melhor presente. Parte final.

Me encontrei pela terceira vez com Gabriel naquela praça. Havia chovido muito na noite anterior, o que deixou a grama muito molhada e poças de lama espalhadas por todo lado. Ele já estava lá, esperando por mim com o mesmo sorriso de sempre. Mas seus olhos estavam diferentes, havia algo um tanto inseguro naquele olhar. Aproximei-me e o beijei na testa, um gesto um tanto paternal, mas eu não ia me expor aquela hora com tanta gente passeando na rua, com um garoto que eu mal conhecia, pois essa era a verdade eu não sabia praticamente nada sobre ele. Apenas um nome, nem mesmo sua idade era conhecida por mim.
-Quero te levar pra um lugar. -me falou com um olhar malicioso.
-E... que lugar seria esse? -indaguei.
-Não vou te dizer. Vem comigo e vai saber.
-Ok. Mas eu sei que você não pode voltar tarde.
-Hoje eu tô liberado, meus pais viajaram e me deixaram com minha irmã mais velha...
-Ela sabe que você tá comigo?
-Claro.
****
Chegamos à uma espécie de casa abandonada, mas nada desarrumada, já havia passado por ela antes, as pessoas diziam que morava ali uma família inteira, que, já não tinha nenhum bem valioso, apenas a mansão e os objetos no interior dela. Quem havia aberto a porta para nós, fora um garoto, provavelmente da mesma idade que Gabriel, muito branco de olhos muito verdes, e cabelos loiros e compridos até a cintura. As paredes eram muito velhas e mas tinha uns sofás quase novos e muitos móveis antigos, porém bem cuidados, ao longo dos corredores. A casa era enorme, parecendo mais uma mansão de filmes de terror. è claro que aquela altura, eu já sabia muito bem para que Gabriel me trouxera aquele local. Não diria que estava bem à vontade, por que eu não estava.
Chegamos ao fim de um corredor, e ele abriu uma grande porta de madeira com uma maçaneta antiquada. Entrei e me surpreendi com o que vi. Um quarto com uma aparência um tanto pitoresca, com várias velas vermelhas acesas, rosas vermelhas em um vaso muito bonito, e algumas pétalas, também de rosas vermelhas, dentro de um recipiente de vidro. Aquilo me assustou um pouco, mas pude entender por fim o motivo de tanto romantismo.
-Nick... -sussurrou corando.
-Pode falar garoto. -falei levantando seu queixo com a ponta do dedo.
-Eu só queria que fosse com você, e que fosse especial pra nós dois. Porque você, é muito especial pra mim...
-Eu sei. Eu entendo você. -falei beijando-o nos lábios.
Eu sabia muito bem o que ele queria dizer com -especial pra nós dois-, e já que ele queria que fosse assim, eu faria o possível para agradá-lo, por que aquele garoto também havia se tornado muito especial para mim.
Beijei-o com mais paixão, mais intensidade, seus lábios estavam totalmente entregues a minha vontade. Vagarosamente tirei sua camiseta e desabotoei sua calça jeans, peguei-o no colo e deitei-me com ele naquela cama, que embora fosse desconfortável, não atrapalhou a empolgação do momento. E foram longos momentos de carícias, quando por fim lhe perguntei:
-Você tá pronto?
-Com certeza... -disse-me com a voz rouca.
-Tem certeza?
-Precisa mesmo que eu diga? -falou apontando para baixo.
E o resto não é preciso comentar.
****

É povo , esse capítulo foi péssimo de escrever, a história tá tomando um rumo diferente do que eu imaginava mas estou muito feliz por isso ^^. Mas é isso... Sem previsão para começar a postar o nono capítulo mas dessa semana não passa!!

Beijos e abraços o/*

domingo, 15 de março de 2009

Gente, estou postando hoje apenas para lhes informar que descobri que Cazuza não é o unico cara nesse mundo que canta xD. Descobri um cara chamado Damien Rice. Ele é incrivelmente maravilhoso! Suas músicas me passaram algo que muitas do Cazuza passam. Uma emoção indescritível... Moony deve saber que ele é quem canta a musica tema do filme Closer, perto demais -The Blower's Daughter-. Então quando fui procurar mais vídeos dele, alem desse, vi que suas músicas são ótimas...É isso. Vou postar aqui um vídeo e a tradução de um, que por acaso achei melhor na voz de uma outra cantora desconhecida por mim ^^. http://www.youtube.com/watch?v=3yBX3hSXgaY -Caso o vídeo demore a carregar ^^-

Beijocas
o/*



Creep.

When you were here before,
Couldn't look you in the eye.
You're just like an angel,
Your skin makes me cry.
You float like a feather,
In a beautiful world
I wish I was special,
You're so very special.

But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here.

I don't care if it hurts,
I wanna have control.
I wanna a perfect body,
I wanna a perfect soul.
I want you to notice,
When I'm not around.
You're so very special,
I wish I was special.

But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here

She's running out the door,
She's running,
She run, run, run, run, run.

Whatever makes you happy,
Whatever you want.
You're so very special,
I wish I was special,

But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?
I don't belong here,
I don't belong here.

****

Tradução
Quando você esteve aqui antes,

Nem pude te olhar nos olhos.
Você é como um anjo,
Sua pele me faz chorar.
Você flutua como uma pluma,
Num mundo maravilhoso
Eu queria ser especial,
Você é muito especial.

Mas eu sou um verme, um homem estranho
Inferno, o que eu estou fazendo aqui?
Eu não pertenço a este lugar.

Eu não me preocupo se isso machuca,
Eu quero ter o controle.
Eu quero um corpo perfeito.
Eu quero uma alma perfeita.
Eu quero que você perceba
Quando eu não estiver por perto.
Você é muito especial,
Eu queria ser especial.

Mas eu sou um verme, um homem estranho
Inferno, o que eu estou fazendo aqui?
Eu não pertenço a este lugar.

Ela está fugindo,
Ela está fugindo,
Ela foge, foge, foge, foge, foge.

Qualquer um pode fazer você feliz.
Qualquer um que você quiser.
Você é muito especial,
Eu queria ser especial.

Mas eu sou um verme, um homem estranho
Inferno, o que eu estou fazendo aqui?
Eu não pertenço a este lugar.
Eu não pertenço a este lugar.


terça-feira, 10 de março de 2009

Capítulo 8. Continuação

Eu me sentia completamente extasiado com aquele beijo, era como se um sentimento feroz tomasse conta de mim a cada segundo que se passava, me fazendo desejá-lo cada vez mais. A sua língua não deixava a minha boca por um instante sequer. Seu corpo não parava de se mexer sobre o meu, agora caído no chão, completamente dominado por aquela criatura tão ingenuamente magnifica.
Eu estava me sentindo tonto. Tudo a minha volta girava, abria e fechava os olhos tocando o corpo de Gabriel como se estivesse morrendo de sede dos seus beijos, de seu toque. Foi quando o inesperado aconteceu. Meu pai estava bem ali, parado na porta olhando aterrorizado para nós dois. Estava atônito, sem saber o que pensar nem o que falar. Parei com os beijos e paralisei de vergonha e medo ao mesmo tempo. Gabriel olhou para trás, olhou para mim e não sabia o que fazer. fechou o zíper das calças e eu o mandei sair do quarto. Ele parou na porta, me olhou e saiu. A confusão estava feita.
-Pai, eu posso te explicar... -tentei dizer, visivelmente apavorado.

-Então explica. -ele falou calmamente, pegando uma cadeira e sentando-se na porta do quarto.

-Eh... na verdade eu não posso explicar. -falei inteiramente constrangido.

-Eu pensava... que eu era seu amigo, Nicolas. -falou decepcionado.

-Pai, me desculpa mas, eu nunca poderia te contar.

-Lembra, que uma vez eu te falei que poderia me falar qualquer coisa?

-...

-Sei que lembra.Você não está sendo sincero comigo.

-Eu deveria falar? Sou seu único filho... eu tive medo.

-Eu já passei pelos mesmos problemas que você. Sei que na adolescência essas coisas acontecem, e logo passam. Mas você já é um adulto, Nick. E eu olhei pra cara desse menino... por Deus Nicolas, é uma criança!

-Ele não é mais uma criança, pai!

-Você esqueceu, por acaso, que já tem dezenove anos? Se os pais dele descobrem esse envolvimento, você pode ser processado Nicolas!

-Isso não vai acontecer, eu nem sei se vai pra frente... -falei angustiado.

-É claro que não vai pra frente! Olhe meu filho, faça o que quiser. Mas ouça os meus conselhos e pelo menos pense nisso. Não sei quem é esse garoto, nem de onde é. Só peço que tenha cuidado. Ok?

-Certo... -falei completamente boquiaberto com a atitude calma de meu pai.
****
-Então você achou meu número? -falou Gabriel do outro lado da linha.

-Você não fez questão de esconder o bilhete. -falei sorrindo.

-Sim... não fiz mesmo... -pude ouvir a risada dele.

-O que está fazendo agora?

-Esperando um convite pra sair.

-Bom... acho que isso foi praticamente um convite então?

-Na verdade quero que você me convide... -falou ele provocativo

-Você me deixa maluco sabia? -falei mordendo os lábios.

-Eu sei disso. Deixo qualquer um maluco, isso é um dom meu!

-Convencido...

-E aí, me convida ou não?

-Na praça, às oito? -perguntei

-Pode ser. Mas só se você estiver interessado em ir a
outro lugar depois... -falou insinuante.

-Então tá. Mas só por curiosidade...

-Nem tenta! -ele me cortou. -É uma surpresinha...

-Ok... Até logo então.

-Até logo... Beijos gato.

-Beijos...?

-Nos teus lábios pode ser?

-Pra mim tá ótimo... falei ele desligando o telefone.
****
Continua...
V.K








terça-feira, 3 de março de 2009

Capítulo 8. O melhor presente...

Ainda era verão, eu estava prestes a fazer finalmente dezenove anos. Já eram dois anos sem Joe, os meus melhores aniversários com certeza eram os que ele estava presente. Eu não tinha me esquecido delem mas a dor já não era tão grande quanto antes, agora eu tinha certeza que ele sempre estaria olhando por mim onde quer que estivesse.

Era uma terça-feira, oito horas da manhã. As aulas já haviam começado e novamente eu tinha perdido aula. Quando Joel morreu, perdi muito tempo de aula e tive que repeti dois anos, o que me deixou um pouco mais atrasado que meus outros amigos, que já estavam cursando uma faculdade, eu ao contrário, ainda estava terminando meu terceiro ano, com meu sonho de independência um pouco distante, já que nem ao menos um emprego eu conseguia arrumar. Levantei-me da cama, tomei um banho bem gelado, comi uma maçã e fui para a praça da cidade, é claro que, com segundas e terceiras intenções.

Para a minha total surpresa depois mais de cinco tentativas (só naquela semana) de encontrar novamente Gabriel, eis que o encontro! Lindo como sempre e dessa vez não estava alimentando os peixes, mas estava com uma garota, o que me deixou quase louco de tanto ciúme. Parece até loucura mas eu estava disposto a ir lá e perguntar o que ele estava fazendo com aquela menina. Mas me contive. Me aproximei dos dois e fui recebido com um abraço e muitos sorrisos, o que aliviou um pouco a tensão do momento.

-Cara, você sumiu! -falou Gabriel com entusiasmo.
-Na verdade eu é... Deixa pra lá. -achei que ficaria com cara de idiota se dissesse a ele que o havia procurado.
-Eu procurei você por toda a parte. -eu já não estava tão certo do que dizer a ele. -Olha essa aqui é minha amiga Laura. -falou ele apresentando-me a garota.
-Muito prazer! -falou ela me estendendo a mão. -Caramba! Você é lindo mesmo! Bem como o Gabi me falou!
Ele nem ao menos ficou vermelho, apenas sorriu.
-Oh... Muito obrigada então! -falei cumprimentando-a com um aperto de mão, e com certeza, notavelmente corado. -Você também é linda.

Na verdade nem tanto. Laura tinha olhos negros e pequenos, provavelmente era decendente de orientais. Cabelos muito lisos vermelhos, pele muito branca mesmo com aquele intenso verão, e as roupas pareciam ter saído de dentro de um anime japonês. Mas era muito simpática e sorridente, com seu aparelho cor de rosa nos dentes aparentemente perfeitos.

-Gabi, eu tenho que ir pra casa viu? -falou ela deixando alguma coisa no ar.
-Ta legal. Quer que eu te leve? -perguntou ele não notando o que eu notei.
-Acho que não precisa... -falou ela com uma ares maliciosos
-Certo. -falou ele corando.
-Até mais Nick! -e saiu correndo em direção a rua.
-Bom... Você quer tomar um sorvete? -perguntou-me ele.
-É pode ser. -falei com um sorriso um tanto envergonhado.
-Mas isso se você tiver grana! -falou rindo. -Foi mal cara, o que eu tenho só dá um chiclete.
-E o que eu tenho não dá nem isso! -disse colocando a mão nos bolsos.
-Ah, desencanei de tomar sorvete. Vamo dá umas andar por aí?
-Como quiser.

Conversamos durante todo o caminho para não sei aonde. Ele me contou coisas sobre os amigos que tinha, sobre a família, escola... Depois de dois encontros parecíamos amigos de infância. Ouvia atentamente tudo o que ele falava, e até fazia-lhe perguntas.

Estava fazendo calor e o tempo estava fechado, logo choveria. Sentamos debaixo de uma árvore em frente a biblioteca e ficamos em silêncio. Finalmente ele havia se calado depois de incansavelmente me falar de toda a sua vida. Ou pelo menos quase toda.

-Olha esse tempo. -falou depois de minutos de silêncio. -Vai chover. Até eu chegar em casa vou ficar totalmente ensopado... Droga.
-Se quiser fica lá em casa até a chuva passar, moro ali -falei apontando para a casa azul em frente à um pé de laranja.
-Não sei... Sua família não vai estranhar?
-Desencana, meu pai trabalha o dia inteiro e minha mãe tá na casa dos meus avós.
-Então você mora quase sozinho? -falou interessado.
-Sim. -sorri. -Quase isso...
E começaram a cair as primeiras gotas de chuva.

****

Chegamos em minha casa um pouco molhados da chuva e dei a Gabriel uma toalha para se secar. Ele estava com a camiseta úmida e dei lhe uma das minhas para que usasse. Preparei um café e nos sentamos no tapete de meu quarto. Liguei o ar condicionado e ficamos em silencio.

-Café gostoso. -falou ele com o rosto levemente corado.
-Obrigada.
Ele se levantou e começou a mexer na minha coleção de CDs.
-Não... -falou surpreso. -Não acredito que você curte Janis Joplin!
-Não gosta? -indaguei
-Cara eu adoro essa mulher! -falou entusiasmado.
-Como conseguiu esses CDs?
-Eu não consegui. São apenas gravações dos meus discos. Eu mesmo fiz.
-Você quer dizer discos de vinil? -e ficava cada vez mais excitado.
-Sim. -falei sorrindo para ele. -Eu tive que me desfazer da velha vitrola, que ainda funcionava, mal, mas funcionava, e passei todos os meus discos antigos para CD.
-E como conseguiu os discos antigos? -ele me perguntou.
-Um amigo, muito querido... ele morreu há dois anos, deixou os discos pra mim, que havia ganho de uma tia.
-Sinto muito por seu amigo... -falou com sinceridade.
-A vida é assim mesmo... Mas... você gosta mesmo da Janis?
-Adoro... Uma lenda!
-Se quiser te empresto uns CDs.
-Com certeza eu quero.
Ele sentou-se novamente no tapete e começou a me observar. A situação era incomoda, mas não sei explicar como aquilo me deixava excitadíssimo. Seus olhos cuidando cada movimento meu, o silencio no quarto, apenas a nossa respiração e o ar condicionado eram ouvidos. Ele se aproximou de mim e segurou minha mão. Era um gesto um tanto infantil, mas estava conseguindo me deixar apavorado, nervoso, e excitadíssimo ao mesmo tempo.

-Você é mesmo lindo... -falou ele me olhando nos olhos.
-Será mesmo que...
-Não, não fala não. -ele me cortou. -Deixa rolar...

E me beijou o pescoço, dava para sentir a sua respiração pesada. Logo depois sentou-se em meu colo com as pernas em volta da minha cintura e me beijou nos lábios. Sua boca parecia me devorar os sentidos, ofegante, eu tentava não toca-lo para não parecer um cafajeste logo no primeiro beijo, mas suas mãos conduziam as minhas eu já não tinha uma vontade própria. Seu beijo e seu corpo eram deliciosos. Aquele ar de garotinho inocente desaparecera completamente de sua face. Parecia um vulcão e estava ali, comigo, me provocando, beijando minha boca, mordendo meus lábios, numa volúpia inexplicável.

****

Continua.
v.k ♥

domingo, 1 de março de 2009

Solidão a dois de dia... Continuação.

Abri pela ultima vez aquela porta. Um cheiro estranho no ar, ou talvez fosse coisa da minha cabeça. Roupas e folhas de papel espalhados pelo chão, e até mesmo meia garrafa de uísque que ele bebera escondido de mim. Parecia que ainda estava lá escrevendo poemas, fumando um cigarro na varanda.
É totalmente estranho dormir com uma pessoa que te beija e no dia seguinte não acorda mais, nem te beija e nem te abraça. e dorme profundamente, eternamente, num sono sem pesadelos, sem esses conflitos do mundo cruel em que vivemos. Em certos momentos eu fechava os olhos, tentando imaginar que era tudo um pesadelo e que logo Joel Cavalcante voltaria para mim. Mas era só olhar em volta e perceber que as coisas não acontecem como realmente esperamos. Mortos não voltam, todos queremos um sossego nessa vida, e quando se vai, não se volta mais

****

Demorei quase dois anos para voltar a ter uma vida quase normal com minha família que voltou a ser unida, aliás, descobriu o que é ser unida. Meu pai conseguiu um bom emprego em uma loja de carros e logo melhoramos nossa vida. Minha mãe viajou para a casa de meus avós e voltou como se fosse outra pessoa, já não bebia uma gota de álcool, era mais carinhosa com todos nós, mais atenciosa...

Nos mudamos para uma casa maior em um bairro mais decente. Era uma bonita casa, toda azul por fora com dois banheiros no andar de cima e uma suite, dois quartos de empregada em baixo, mais um banheiro, duas salas, e uma sala de jantar... Modesta.
Era verão, eu havia ficado de férias no colégio, resolvi dar umas voltas no bairro pra ver se conhecia melhor. Sentado em baixo da sombra de uma árvore naquela noite quente em uma praça a pouco mais de três quarteirões de casa, vi um garoto jogando comida para os peixes.
-Sabia que você não pode fazer isso...? -sussurrei em seu ouvido.
Ele deu um pulo de susto e me olhou nos olhos. Os mais lindos que já vira em toda a minha vida. Negros como a noite, seus cabelos eram loiros com uma enorme franja caída sobre os olhos que brilhavam, uma pele tipicamente bronzeada por causa do verão. Seus lábios me pareciam doces e quentes, -com uma sensualidade de uma dançarina de bar-, eu pensei naquele momento. Sua voz embriagada me perturbou os sentidos. Ele me parecia um garoto de dezesseis anos, e eu um cara de dezoito perturbado com a voz de uma criatura tão inocentemente sexy. Minha vontade era sair dali. Ou não...?
-Olha não vem me dá lição de moral. -falou ele irritadíssimo. -Hoje eu tô puto! -e jogou uma pedra no lago.
-Mas... o que exatamente aconteceu...? -meu nervosismo era notável.
-Por que eu deveria te contar? -ele me cortou. -Você é um estranho.
-Nicolas, -falei estendendo a mão para cumprimentá-lo. -Mas pode me chamar de Nick, e você...
-Não vou apertar a sua mão cara foi mal... -ele me cortou novamente, aquilo ao invés de me irritar estava me divertindo macabramente. -E nem vou te falar meu nome... já falei que tô puto... -falou nervoso.
-Tudo bem... falei me sentando ao lado dele na grama. Mas aposto que você é menor de idade e seus pais devem estar muito preocupados com você fora a essa hora.
-Eles não ligam.
-Por que você acha isso? -perguntei tentando não parecer oportunista.
-Eles não aceitam.
- ...?
Para a minha surpresa ao invés de me xingar e dizer que sou intrometido, ele se deitou em meu ombro e chorou. Eu não sabia o que fazer para acalmá-lo, e se fizesse qualquer coisa, correria o risco de parecer um idiota e perde-lo para sempre. Eu não sabia por estava tão preocupado em ficar ao seu lado, mas naquele momento parecia o essencial a se fazer.
-Meu nome é Gabriel... -ele falou levantando do meu colo e enxugando as lágrimas.
-Nome lindo... -falei com um sorriso
-Acho que está na hora de ir para casa. -ele falou levantando-se da cama e indo em direção a uma bicicleta encostada em uma árvore.
-Você pode ser assaltado a essa hora da noite. por que não deixa eu te levar até em casa e...
-Nem pense nisso cara! -ele havia me cortado novamente.
-?
-Meu pai me mataria se me visse chegar em casa com um cara.
-Mas...
-Um beijo, amor. Te vejo por aí!
E subiu na bicicleta desaparecendo pela rua abaixo.