domingo, 1 de março de 2009

Solidão a dois de dia... Continuação.

Abri pela ultima vez aquela porta. Um cheiro estranho no ar, ou talvez fosse coisa da minha cabeça. Roupas e folhas de papel espalhados pelo chão, e até mesmo meia garrafa de uísque que ele bebera escondido de mim. Parecia que ainda estava lá escrevendo poemas, fumando um cigarro na varanda.
É totalmente estranho dormir com uma pessoa que te beija e no dia seguinte não acorda mais, nem te beija e nem te abraça. e dorme profundamente, eternamente, num sono sem pesadelos, sem esses conflitos do mundo cruel em que vivemos. Em certos momentos eu fechava os olhos, tentando imaginar que era tudo um pesadelo e que logo Joel Cavalcante voltaria para mim. Mas era só olhar em volta e perceber que as coisas não acontecem como realmente esperamos. Mortos não voltam, todos queremos um sossego nessa vida, e quando se vai, não se volta mais

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Demorei quase dois anos para voltar a ter uma vida quase normal com minha família que voltou a ser unida, aliás, descobriu o que é ser unida. Meu pai conseguiu um bom emprego em uma loja de carros e logo melhoramos nossa vida. Minha mãe viajou para a casa de meus avós e voltou como se fosse outra pessoa, já não bebia uma gota de álcool, era mais carinhosa com todos nós, mais atenciosa...

Nos mudamos para uma casa maior em um bairro mais decente. Era uma bonita casa, toda azul por fora com dois banheiros no andar de cima e uma suite, dois quartos de empregada em baixo, mais um banheiro, duas salas, e uma sala de jantar... Modesta.
Era verão, eu havia ficado de férias no colégio, resolvi dar umas voltas no bairro pra ver se conhecia melhor. Sentado em baixo da sombra de uma árvore naquela noite quente em uma praça a pouco mais de três quarteirões de casa, vi um garoto jogando comida para os peixes.
-Sabia que você não pode fazer isso...? -sussurrei em seu ouvido.
Ele deu um pulo de susto e me olhou nos olhos. Os mais lindos que já vira em toda a minha vida. Negros como a noite, seus cabelos eram loiros com uma enorme franja caída sobre os olhos que brilhavam, uma pele tipicamente bronzeada por causa do verão. Seus lábios me pareciam doces e quentes, -com uma sensualidade de uma dançarina de bar-, eu pensei naquele momento. Sua voz embriagada me perturbou os sentidos. Ele me parecia um garoto de dezesseis anos, e eu um cara de dezoito perturbado com a voz de uma criatura tão inocentemente sexy. Minha vontade era sair dali. Ou não...?
-Olha não vem me dá lição de moral. -falou ele irritadíssimo. -Hoje eu tô puto! -e jogou uma pedra no lago.
-Mas... o que exatamente aconteceu...? -meu nervosismo era notável.
-Por que eu deveria te contar? -ele me cortou. -Você é um estranho.
-Nicolas, -falei estendendo a mão para cumprimentá-lo. -Mas pode me chamar de Nick, e você...
-Não vou apertar a sua mão cara foi mal... -ele me cortou novamente, aquilo ao invés de me irritar estava me divertindo macabramente. -E nem vou te falar meu nome... já falei que tô puto... -falou nervoso.
-Tudo bem... falei me sentando ao lado dele na grama. Mas aposto que você é menor de idade e seus pais devem estar muito preocupados com você fora a essa hora.
-Eles não ligam.
-Por que você acha isso? -perguntei tentando não parecer oportunista.
-Eles não aceitam.
- ...?
Para a minha surpresa ao invés de me xingar e dizer que sou intrometido, ele se deitou em meu ombro e chorou. Eu não sabia o que fazer para acalmá-lo, e se fizesse qualquer coisa, correria o risco de parecer um idiota e perde-lo para sempre. Eu não sabia por estava tão preocupado em ficar ao seu lado, mas naquele momento parecia o essencial a se fazer.
-Meu nome é Gabriel... -ele falou levantando do meu colo e enxugando as lágrimas.
-Nome lindo... -falei com um sorriso
-Acho que está na hora de ir para casa. -ele falou levantando-se da cama e indo em direção a uma bicicleta encostada em uma árvore.
-Você pode ser assaltado a essa hora da noite. por que não deixa eu te levar até em casa e...
-Nem pense nisso cara! -ele havia me cortado novamente.
-?
-Meu pai me mataria se me visse chegar em casa com um cara.
-Mas...
-Um beijo, amor. Te vejo por aí!
E subiu na bicicleta desaparecendo pela rua abaixo.

4 comentários:

Unknown disse...

Esa tua história eh totalmente demais... muito massa mermo ^^ mas bem que poderia ser hetero ¬¬'..

mas mesmo assim.... vc escreve mtu bem ^^

TE AMOOO

Muni disse...

Wow \o/
adooooreeeeei!! sério, acho que é o melhor capítulo que vc já escreveu :D *eita!!*
nossa, achei que ele fosse sofrer eternamente a morte do Joel, mas eis que surge o garoto Gabriel! xD
continua *-*
bjo
teh +
o/*

Unknown disse...

eu adorei essa história... a morete de Joel foi um balaço nas vertebras dele nhe?
Mas posso prever que ele ainda vai sofrer muito com gabriel... naum vai?

^^'

Bjooo te amooo ♥






Vanessa Kayren Araújo disse...

Gente Obrigada ^^
Andrei eu num vou te revelar nada tu vai ter q ler pra saber viu?
um grande beijo =D