terça-feira, 3 de março de 2009

Capítulo 8. O melhor presente...

Ainda era verão, eu estava prestes a fazer finalmente dezenove anos. Já eram dois anos sem Joe, os meus melhores aniversários com certeza eram os que ele estava presente. Eu não tinha me esquecido delem mas a dor já não era tão grande quanto antes, agora eu tinha certeza que ele sempre estaria olhando por mim onde quer que estivesse.

Era uma terça-feira, oito horas da manhã. As aulas já haviam começado e novamente eu tinha perdido aula. Quando Joel morreu, perdi muito tempo de aula e tive que repeti dois anos, o que me deixou um pouco mais atrasado que meus outros amigos, que já estavam cursando uma faculdade, eu ao contrário, ainda estava terminando meu terceiro ano, com meu sonho de independência um pouco distante, já que nem ao menos um emprego eu conseguia arrumar. Levantei-me da cama, tomei um banho bem gelado, comi uma maçã e fui para a praça da cidade, é claro que, com segundas e terceiras intenções.

Para a minha total surpresa depois mais de cinco tentativas (só naquela semana) de encontrar novamente Gabriel, eis que o encontro! Lindo como sempre e dessa vez não estava alimentando os peixes, mas estava com uma garota, o que me deixou quase louco de tanto ciúme. Parece até loucura mas eu estava disposto a ir lá e perguntar o que ele estava fazendo com aquela menina. Mas me contive. Me aproximei dos dois e fui recebido com um abraço e muitos sorrisos, o que aliviou um pouco a tensão do momento.

-Cara, você sumiu! -falou Gabriel com entusiasmo.
-Na verdade eu é... Deixa pra lá. -achei que ficaria com cara de idiota se dissesse a ele que o havia procurado.
-Eu procurei você por toda a parte. -eu já não estava tão certo do que dizer a ele. -Olha essa aqui é minha amiga Laura. -falou ele apresentando-me a garota.
-Muito prazer! -falou ela me estendendo a mão. -Caramba! Você é lindo mesmo! Bem como o Gabi me falou!
Ele nem ao menos ficou vermelho, apenas sorriu.
-Oh... Muito obrigada então! -falei cumprimentando-a com um aperto de mão, e com certeza, notavelmente corado. -Você também é linda.

Na verdade nem tanto. Laura tinha olhos negros e pequenos, provavelmente era decendente de orientais. Cabelos muito lisos vermelhos, pele muito branca mesmo com aquele intenso verão, e as roupas pareciam ter saído de dentro de um anime japonês. Mas era muito simpática e sorridente, com seu aparelho cor de rosa nos dentes aparentemente perfeitos.

-Gabi, eu tenho que ir pra casa viu? -falou ela deixando alguma coisa no ar.
-Ta legal. Quer que eu te leve? -perguntou ele não notando o que eu notei.
-Acho que não precisa... -falou ela com uma ares maliciosos
-Certo. -falou ele corando.
-Até mais Nick! -e saiu correndo em direção a rua.
-Bom... Você quer tomar um sorvete? -perguntou-me ele.
-É pode ser. -falei com um sorriso um tanto envergonhado.
-Mas isso se você tiver grana! -falou rindo. -Foi mal cara, o que eu tenho só dá um chiclete.
-E o que eu tenho não dá nem isso! -disse colocando a mão nos bolsos.
-Ah, desencanei de tomar sorvete. Vamo dá umas andar por aí?
-Como quiser.

Conversamos durante todo o caminho para não sei aonde. Ele me contou coisas sobre os amigos que tinha, sobre a família, escola... Depois de dois encontros parecíamos amigos de infância. Ouvia atentamente tudo o que ele falava, e até fazia-lhe perguntas.

Estava fazendo calor e o tempo estava fechado, logo choveria. Sentamos debaixo de uma árvore em frente a biblioteca e ficamos em silêncio. Finalmente ele havia se calado depois de incansavelmente me falar de toda a sua vida. Ou pelo menos quase toda.

-Olha esse tempo. -falou depois de minutos de silêncio. -Vai chover. Até eu chegar em casa vou ficar totalmente ensopado... Droga.
-Se quiser fica lá em casa até a chuva passar, moro ali -falei apontando para a casa azul em frente à um pé de laranja.
-Não sei... Sua família não vai estranhar?
-Desencana, meu pai trabalha o dia inteiro e minha mãe tá na casa dos meus avós.
-Então você mora quase sozinho? -falou interessado.
-Sim. -sorri. -Quase isso...
E começaram a cair as primeiras gotas de chuva.

****

Chegamos em minha casa um pouco molhados da chuva e dei a Gabriel uma toalha para se secar. Ele estava com a camiseta úmida e dei lhe uma das minhas para que usasse. Preparei um café e nos sentamos no tapete de meu quarto. Liguei o ar condicionado e ficamos em silencio.

-Café gostoso. -falou ele com o rosto levemente corado.
-Obrigada.
Ele se levantou e começou a mexer na minha coleção de CDs.
-Não... -falou surpreso. -Não acredito que você curte Janis Joplin!
-Não gosta? -indaguei
-Cara eu adoro essa mulher! -falou entusiasmado.
-Como conseguiu esses CDs?
-Eu não consegui. São apenas gravações dos meus discos. Eu mesmo fiz.
-Você quer dizer discos de vinil? -e ficava cada vez mais excitado.
-Sim. -falei sorrindo para ele. -Eu tive que me desfazer da velha vitrola, que ainda funcionava, mal, mas funcionava, e passei todos os meus discos antigos para CD.
-E como conseguiu os discos antigos? -ele me perguntou.
-Um amigo, muito querido... ele morreu há dois anos, deixou os discos pra mim, que havia ganho de uma tia.
-Sinto muito por seu amigo... -falou com sinceridade.
-A vida é assim mesmo... Mas... você gosta mesmo da Janis?
-Adoro... Uma lenda!
-Se quiser te empresto uns CDs.
-Com certeza eu quero.
Ele sentou-se novamente no tapete e começou a me observar. A situação era incomoda, mas não sei explicar como aquilo me deixava excitadíssimo. Seus olhos cuidando cada movimento meu, o silencio no quarto, apenas a nossa respiração e o ar condicionado eram ouvidos. Ele se aproximou de mim e segurou minha mão. Era um gesto um tanto infantil, mas estava conseguindo me deixar apavorado, nervoso, e excitadíssimo ao mesmo tempo.

-Você é mesmo lindo... -falou ele me olhando nos olhos.
-Será mesmo que...
-Não, não fala não. -ele me cortou. -Deixa rolar...

E me beijou o pescoço, dava para sentir a sua respiração pesada. Logo depois sentou-se em meu colo com as pernas em volta da minha cintura e me beijou nos lábios. Sua boca parecia me devorar os sentidos, ofegante, eu tentava não toca-lo para não parecer um cafajeste logo no primeiro beijo, mas suas mãos conduziam as minhas eu já não tinha uma vontade própria. Seu beijo e seu corpo eram deliciosos. Aquele ar de garotinho inocente desaparecera completamente de sua face. Parecia um vulcão e estava ali, comigo, me provocando, beijando minha boca, mordendo meus lábios, numa volúpia inexplicável.

****

Continua.
v.k ♥

2 comentários:

Muni disse...

oi, moça \o/
tô adorando a nova fase da história ^^
e, cara, vc é muito má ò.Ó fica parando quando o negócio esquenta!!
continua!!
bjo
teh +
o/*

Al Reiffer disse...

Oi,obrigado pelo comentário. Estava lendo teu texto, fiquei impressionado. Tu escreves muito bem, hein! Parabéns! Estou curioso pela continuação...