domingo, 4 de janeiro de 2009

Continuando...

Caminhamos a manhã inteira pelo parque que ficava perto da casa de Joe, quando ele já não estava se sentindo bem, voltamos e deitei-me junto a ele numa rede na varanda da casa.
Seus olhos estavam distantes, como se pensasse em algo que estava muito longe dali, não entendi muito bem o que se passava em sua mente. Ele já não tinha o mesmo pensamento em relação a sua doença, mesmo sabendo que seu tempo era pouco não ficava se lamentando nem reclamando de nada, pelo contrário, sorria sempre para mim.
Mas os seus olhos me intrigavam não por serem tristes, pois não eram, parecia não estar ali. O que me parecia muito pior do que se estivesse chorando em alto desespero. Era assustadora a expressão de seu rosto.
-Tá pensando em que? - perguntei.
-Hum...? - respondeu ele distraidamente. -Bom, eu... Em, nada. Por que?
-Você tá muito esquisito. -disse tentando encontrar seus olhos.
-Eu estava aqui me lembrando de umas coisas...
-Coisas?
-Sim. Estava pensando em você... - disse me olhando com ternura (o que foi um alívio para mim).
-Mesmo? E o que estava pensando? - perguntei com um sorriso.
-Coisas... Que você talvez nem lembre mais.
-Eu não lembre? Ficou louco?! - falei dando-lhe um beijo na testa.
-Ok monsieur, desculpe! É que as vezes penso que eu não sou tudo que poderia ser, sabe?
-Não fale isso... Eu amo você. -falei me abraçando a ele naquela rede, diante do por do sol.
-Eu também te amo. E você nem imagina o quanto! - falou me beijando os lábios.
-Olhe só, vamos para dentro. Quero te mostrar uma coisa.
-Me mostrar o que heim? - falou ele com olhos maliciosos.
-Não é nada disso que você está pensando, seu tarado.
-Desculpa! Não dá pra parar de pensar em sexo quando do seu lado!
-Levanta daí seu desgraçado! -falei ajudando-o a se levantar da rede. - Vamo pra cama. Já tá na hora.
-Ah, agora você quer me levar pra cama... Que será o negócio que tem pra mostrar... se for o que eu to pensando...
-Joe! -falei tentando inutilmente parecer constrangido. -Pare com essas conversas, sua mãe vai escutar.
-Ela nem liga. Já contei pra ela...
-Você é louco!
-Por você. Pode ser? -falou me olhando com ternura.
****
Quando chegamos ao quarto de Joe, fui direto para uma gaveta onde ele guardava as coisas da escola. Tinha feito um poema para ele enquanto dormia. E sabia que ele gostaria de me ouvir.
Eram seis da tarde, o sol estava se pondo e Joe já estava ficando cansado afinal, fora um dia muito cheio para ele. Falei para ele de meu poema e como eu já esperava, ele queria ouvir-me declama-lo imediatamente.
-Vai declamar pra mim agora? - ele me perguntou.
-Eu não sou bom nessas coisas.
-Dane-se. Eu agora quero te ouvir!
-Ok, estressadinho.
-Não quero dormir antes de ouvir... E tá difícil manter os olhos abertos. -Falou ele sonolento.
-Ok. Presta atenção : " Amo-te. E nem as estrelas do universo, nem as gotas de chuva, nem qualquer outra coisa, poderia jamais comparar-se ao meu amor, ao teu sorriso. Te quero, meu bem, em cada abraço, em cada pedaço, em cada sol, em cada chuva, em cada sorriso. Amo-te até mesmo nas pequenas coisas. Amo-te em tudo que há de ser insignificantemente notável. Amo teu beijo, teu rosto, teus pêlos, teu sangue, os teus cabelos, teu sexo. Amo-te no meio da rua, da chuva, debaixo do sol escaldante. Ainda que me esnobe, ainda que me odeie, ainda que me deixe, te amarei durante cada segundo do meu existir. Por que te amo no chão, te amo na areia, te amo em cada verso de amor, em cada gemido. Nem mesmo me importa a morte, por que o meu amor não morrerá da noite pro dia como borboletas que só vivem vinte e quatro horas. Meu amor é pra sempre, como você. E não te deixarei jamais sozinho ou perdido... Te amo. Meu grande amor, minha vida, meu coração é todo seu. Te amo nos momentos de alegria e de dor... Ainda mais te amarei depois da morte."
-Eu... - e lágrimas se formaram no canto de seus olhos. Não falou mais nada, apenas chorou.
-Eu amo você. Não duvide disso... Jamais. -falei me aproximando dele e deitando ao seu lado na cama.
-Eu te amo, garoto... Você é minha vida. Não duvide disso também! -falou ele se abraçando a mim.
-Dorme, meu amor... Amanhã é um novo dia...
-Eu quero ir a praia... - falou ele quase adormecendo.
-Como quiser... -falei beijando-lhe os lábios, observando seus olhos se fecharem lentamente. Eram sete horas na noite, o sol já havia se posto. Da janela dava pra ver a lua minguante no céu. e algumas estrelas que brilhavam para nós.
-Quando eu acordar, faço um poema pra você também...
-Não precisa, meu amor... -falei segurando forte a sua mão.
-Eu quero fazer. Quando eu acordar, tá legal...? - e adormeceu.
Mas Joe jamais voltara a acordar.
****

Um comentário:

Muni disse...

O.O
sua pessoa má, vc matou o joe!! >.<
tava tudo tão bonitinho e vc matou o rapaz ;__;
má...