quinta-feira, 7 de abril de 2011

Insônia I, à procura

Capítulo 1, tudo novo, de novo
Continuação



Subiu aquela rua estreita seguindo o garoto, mas perdeu-o de vista em uma curva, quando Beatriz chegou a fazer a curva deparou-se com ele voltando e olhando para ela. Estava com os tênis sujos de barro

- Oi – ele disse.

- Oi – ela respondeu.

- Você está com cara de perdida.

- Eu não conheço este lugar, me mandaram por outro caminho e agora não sei como chegar ao Apolinário. – ela falou com desânimo

- Tu pode vir comigo então. Mas antes tenho que passar ali numa amiga minha, ta?

- Ok.

Andaram mais uns três metros até chegarem a uma casa, ele abriu o portão e deu a volta para chamar a dona da casa. A chamou por duas vezes, ela abriu a porta e fez uma grande cara de surpresa ao ver Beatriz parada ali. Beatriz não sabia muito bem o que pensar dela, não era boa para julgar o caráter pessoal das pessoas, mas em uma coisa ela não poderia ficar sem reparar, a estranha tinha os olhos mais misteriosos que já vira em sua vida.

- Oi, tudo bom? – disse a estranha para Beatriz.

- Oi, prazer, Beatriz.

- Gabriela. Onde tu achou ela Ricardo? – perguntou ao garoto. Beatriz sinceramente não gostou dessa colocação achou, mas decidiu não fazer comentário algum.

- Ela estava meio perdida não sabia qual rua pegar. Mas vamos já está na hora. Eu vou ali passar uma água no meu tênis, já volto. –

Houve silêncio por algum tempo.

- Mas me diz de onde tu vem? – perguntou Gabriela.

- Fortaleza, Ceará. – respondeu com desgosto

- Pra esse fim de mundo?

- Eu não tive escolha, meu pai é militar e veio transferido para cá. – Beatriz sinceramente detestava explicar para todo mundo o motivo de estar sempre se mudando.

- Ah, entendo.

E seguiram para a escola quando foram chegando perto beatriz estava com um friozinho na barriga, entraram pelo portão lateral. Os outros que estavam com ela logo sumiram, Beatriz ficou sozinha e seguiu para o pátio, deu uma olhada no ambiente e descobriu que não sabia o que fazer. Sentou-se e esperou.

Logo aquele pátio estava lotado de jovens e professores e tudo mais, depois houve uma apresentação desses professores que fizeram uma chamada e em seguida, cada professor conduziu seus alunos de acordo com a chamada feita para suas respectivas turmas. Houve aquela dinâmica de sempre, seu nome, idade, e de onde veio caso fosse novato. Beatriz sentia-se muito envergonhada para olhar para os lados, sabe-se lá por que. Mas as pessoas reparavam nela por que ela era diferente, seu cabelo sua cor, seu jeito de falar principalmente. Ela se sentiu muito bem recebida mudando naquele momento um conceito que trazia em sua cabeça sobre o povo gaúcho – pelo menos não são racistas. – pensou alegre.

Seus colegas estavam curiosos para saber coisas sobre ela, mas só uma garota teve a coragem de se dirigir a ela, foi como uma paixão a primeira vista.

- Oi! – falou a garota com animação.

- Oi – respondeu Beatriz.

- Teu nome é Beatriz né? O meu é Eva. Quantos anos tu tem?

- Tenho quatorze e você?

- Tenho quatorze – respondeu Eva animada. – Então tu veio de Fortaleza mesmo? Muito legal o teu sotaque, cara!

Beatriz limitou-se a sorrir apenas de canto.

- Na verdade eu não nasci lá sabe, mas morei lá por quatro anos. – falou isso já prevendo a próxima pergunta que tanto detestava responder.

- E como tu veio parar aqui?

- Meu pai é militar, e foi transferido pra cá. Eu sempre quis morar no sul para conhecer o frio. Mas eu nem sabia que existia Santiago.

Eva sorriu ironicamente.

- Você não é a única.

Houve uma pausa enquanto se dirigiam a porta da sala de aula, as apresentações haviam terminado.

- Olha se tu estiver precisando de agasalho eu tenho um monte lá em casa, que eu nem uso, aqui faz muito frio e tu não é acostumada.

- Obrigada, não precisa não. – respondeu Beatriz envergonhada.

- Bom, eu já vou até amanhã então, colega.

- Até amanhã.

X X X X

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