sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Capítulo 7. Solidão a dois de dia...

Naquela época me arrependi amargamente do que fiz após a morte de Joe. Fui ao primeiro bar que encontrei aberto naquela manhã e bebi o dia inteiro. Talvez quisesse me matar de uma forma diferente, ninguém ligaria pra um bêbado qualquer debaixo de uma roda de caminhão.
Logo pela manhã acordei com o sol batendo em meu rosto, as janelas estavam abertas e os papéis que haviam sobre a mesa estavam espalhados pelo chão. Joe ainda na mesma posição em que tinha dormido, estranhei. Sempre acordava bem mais cedo que eu e as vezes até desobedecia ordens médicas e me preparava o café da manhã. No entanto ele estava ali, de costas para mim sem o som de sua respiração que era quase sempre forte, devido a muitos medicamentos e dificuldade para respirar, aquela altura de sua doença. O tumor no cérebro havia aumentado cada vez mais de tamanho, ele já não se lembrava mais de muitos fatos vividos por nós e até se sentia muito tonto, com a visão embaçada... Eu estava perdendo meu amigo aos poucos.
Levantei-me do sofá (tinha dormido sentado com um livro de História da Grécia antiga na mão) e fui até o banheiro, quando voltei percebi que ele ainda não havia acordado e as lágrimas já começaram a rolar em meu rosto. Fechei bem os olhos e toquei em seu braço estava gelado como... O de um morto.
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Regina, mãe de Joe, gritava na sala e os vizinhos precisavam segurá-la enquanto os médicos removiam o corpo de Joe do quarto. Eu estava sem rumo. Como se ainda não tivesse engolido nem raciocinado sobre o que havia acontecido, tudo acontecera tão rápido que eu nem ao menos podia chorar, nem ao menos me lamentar pela morte de meu melhor amigo, pela morte de meu amor. Sentei-me na calçada de sua casa e só quando os paramédicos levaram seu corpo para dentro da ambulância, é que pude acordar e perceber o que tinha acontecido. O desespero furiosamente tomou conta de meu corpo.
Saí de meu estado de êxtase e corri atrás da ambulância mas a perdi de vista, o meu desespero e minha dor não me deixavam nem ao menos respirar direito, toda a minha vida passou em frente os meus olhos e eu só conseguia ver a imagem de Joe me abraçando, me beijando, sorrindo pra mim. Sentei-me em uma calçada qualquer, transtornado, enfurecido, todas as emoções se misturando, tudo ao mesmo tempo. Senti uma mão tocar meu ombro.
Olhei aquela figura, na época nem reparei em sua beleza ou ausência dela, e também chorava. Era a sobrinha de Joe, Bárbara. Tão linda quanto um anjo naquele momento quase derrotada de tanta dor. Também sentia muito a perda do tio. Ela apenas falou "Vamos?" e quando notei estava dentro de um bar embriagado, e com ela ao meu lado chorando e rindo de suas lembranças, tudo ao mesmo tempo.
-Você não pode viver... com essa certeza- falava ela com a voz embriagada. -ninguém pode, absolutamente ninguém. (realmente não me lembro do que estávamos falando naquele momento).
-Ele agora nem tá mais aqui, não é mesmo? - falei eu ainda mais bêbado que Bárbara. -Nem ao menos pode dar a sua opinião.
-Não... - falou ela chorando outra vez. - As pessoas não deviam morrer- gritou tão alto que quem passava do outro lado da rua podia ouvir seu escândalo. - Ele se foi... pra sempre!!!
-Eu quero meu Joe de volta, sabe? - falei me levantando e deixando uma quantia de dinheiro na mesa.- Eu vou buscar ele.
E me dirigi a porta do bar. Minha mãe estava lá junto com Denise, mãe de Bárbara. As duas fizeram o maior escândalo com dono do bar, por deixarem um menor de dezessete anos e outra de quinze beberem até cair. O pobre homem nem sabia que éramos menores. Bárbara era bem mais alta que eu, uma voz de anjo perfeita, solista do coral de sua igreja. Seus olhos pareciam um espelho de um azul quase transparente, seus cabelos negros e ondulados até o ombro. Não parecia menina... Parecia mulher.
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O enterro de Joe hoje vem em minha memória tão vagamente que fica difícil lembrar os detalhes, Bárbara cantou na igreja. Seu caixão fechado, tudo tão estranho pra mim, parecia que eu não estava lá. A minha dor não fazia parte daquele lugar nem haviam lágrimas em meus olhos. Minha vida derrepente havia morrido naquele bar.

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Continuo depois é hora de jantar xD. Té mais ^^











2 comentários:

Unknown disse...

muiiito bonita esse capítulo... qndo tiver tmpo eu leio tdos eles..


ti amuuu!!!

Muni disse...

ai, q triste ._________.
não passei aqui ontem pq tive q sair >__<"
pobre joe... e agora, o que acontece??
e essa Bárbara, aidna aparece na história??
bju
teh +
o/*