segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Capítulo 10, parte final

Senti uma forte pressão no peito e as coisas a minha volta pareciam girar, como se eu tivesse dado voltas e mais voltas. As minhas mãos estavam ensanguentadas e eu me sentia enjoado, logo, as pessoas começaram a se aproximar e entrar em pânico. Caí. Senti que mãos me seguravam e ouvia algumas pessoas ligarem para a ambulância, outras para a polícia. Ouvi uma voz de mulher chamar meu nome, era mãmae. Então desmaiei.


Passei por uma difícil cirurgia no coração, não tinham conseguido remover a bala e eu mal podia me levantar da cama. Estava na UTI a quase dois meses. Minhas pernas doíam, e meu coração funcionava apenas com ajuda de aparelhos. Eu estava magro e deprimido como nunca havia estado em minha vida, o meu humor não era mais o mesmo, nem minha aparência e parecia que todas as pessoas me olhavam com pena, e falavam comigo como se eu fosse uma criança carente de atenção. Havia compaixão demais em suas palavras e isso me irritava... me magoava.

Eu me perguntava todos os dias o por que de aquilo estar acontecendo comigo, e Gabriel... Não me visitou uma única vez, teve que ficar fazendo trabalhos voluntários. descobriram que ele era o dono da arma, mas que quem deu o tiro foi o pai dele, que tentou tirar a arma de suas mãos. Agora eu estava lá, na cama de um hospital sem poder fazer nada e com uma bala enfiada no meu peito, ou sabe-se lá aonde.

****

-Como você está se sentindo hoje? - falou mãmae sorrindo enquanto eu abria os olhos e via o sol pela janela do quarto do hospital. Era a primeira vez em dois meses que via a cor do céu.
-Estou bem... -falei um pouco confuso.
-Tem uma visita pra você, mas se não quiser eu digo que volte outro dia, não quero forçar você a nada. - falou ela se aproximando de mim para arrumar o travesseiro.
-Quem é?
-Gabriel...
-Eu não sei... -hesitei um pouco em responder. -deixa ele entrar, vou falar com ele.
-Tem certeza?
-Sim. Deixa ele entrar.

Ela abriu a porta e o deixou entrar. Quando vi seu rosto, senti uma dor no peito como se as lembranças voltassem de uma forma assustadora para mim, sentia que tudo o que eu estava passando era culpa dele. E realmente era.

Ele passou por mim sentou-se na poltrona e me cumprimentou como se nada tivesse acontecido, não tive palavras para responder a voz parecia não querer sair. Quando reuni forças a única coisa que conseguir dizer foi incrivelmente idiota.

-Você cortou o cabelo. -falei.
-É... pois é.
-Faz tempo...
-Tempo até demais - disse Gabriel.
-Você está muito bonito.
-Obrigada - ele respondeu. -Ontem foi meu aniversário.
-Que bom... Não é mais tão criança.
-Não sei se isso foi um elogio, ou uma crítica, ou se foi apenas sarcásmo de sua parte.
-Deduza como quiser - falei com um ar meio amargo.
-Você me culpa? -perguntou ele.
-Por que culparia? Você só ficou doidão, arrumou uma arma, apontou pra cabeça do seu próprio pai, e ainda por cima quase ferro com a minha vida! Ou melhor, ferrou né? Caso ainda não percebeu eu não saio dessa droga de hospital a dois meses! -falei exaltado.
-Me desculpa. Eu não estava em um bom dia! -falou ele com lágrimas nos olhos
-Em um bom dia? Como acha que são os meus dias agora? Eu to com uma bala enfiada Deus sabe onde, por que o traidor do meu ex namorado estava em um mal dia! Não sei se você me diverte, ou se me decepciona. Sinceramente não sei.
-Eu já pedi desculpas! -falou ele aos prantos.
-Sinto muito! -falei me levantando da cama e indo ao encontro dele. -Você não sabe o quanto te amo Gabriel! -falei me agarrando a ele. -Por que você fez isso comigo? E não estou falando da bala enfiada no meu peito, to falando da traição!
-Acredite, meu amor, é você que eu amo! Eu não sei onde estava com a cabeça quando fiquei com a Bárbara.
-Eu quero tentar de novo, nós dois podemos recomeçar!
-Eu sei.
-Eu te amo! - falou ele
-Eu também te amo, mas eu preciso de segurança, Gabriel. Não podemos ficar assim!
-Prometo ser o melhor daqui pra frente!
-Eu vou confiar em você. -falei aproximando meus lábios dos seus.
-Eu garanto, que vai ser a melhor coisa que já te aconteceu... -e me beijou os lábios. - Eu te amo.
-Você não me resiste não é... -falei sorrindo.
-Vai se ferrar!!! -falou ele, rindo e me beijando os lábios

Naquele momento senti como se Joe estivesse comigo... Aquelas palavras de Gabriel me despertam as lembranças mais lindas que eu tinha do maior amor que tive na vida... A sensação era boa...
E meu coração finalmente estava sereno outra vez...


****

Beijos pessoal... Até o Capítulo 11 (adoro esse número xD)

Um comentário:

Muni disse...

Finalmente consegui vir aqui! ^^
E, olha que emoção, um capítulo feliz!! ^^
Gostei mesmo, e também adoro o número 11 :)
Mas, sabe (quanto a um post antigo daqui) o fato de "estar hetero" ou não estar, não interfere em nada que escrevo ou deixo de escrever, fato. E também não muda nada do que eu sou, só porque estou gostando de um cara e não de uma garota :)

teh +
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